Ao ler o artigo abaixo, parei por alguns minutos para refletir.
Me lembrei quando fiz Yoga, lá pelos idos de 1975.
E como gostava das aulas, das posturas e dos exercícios de meditação e respiração.
Não perdia por nada desse mundo.
Hoje, passados mais de 38 anos, confesso que surge uma mistura entre ofoi bom parar e o deveria ter feito mais.
Explico:
Naquele momento de minha vida, em fase adolescente, com todos os hormônios explodindo e muito afins de fazer tudo e não me mexer pra nada (conflitos naturais da idade) a Yoga trouxe vários e saudáveis benefícios, que carrego até hoje, mas também um malefício (bem particular) que foi me tornar alienado ou imune ao meio ambiente que vivia, à dura e árdua realidade... e isso só compreendi totalmente faz alguns anos, ainda bem!
Atualmente, busco compensar essa particular e perigosa desconexão com a realidade, enfrentando-a com cara, coragem, determinação e principalmente, consciência positiva e alerta.
Vai daí, que entre os novos caminhos que estou a estudar e desenvolver, sempre com foco no Ser Humano e sua sinergética relação com o Ser Ambiente (pois aqui e agora estamos) o artigo que você vai ler abaixo mostra que a Sabedoria Milenar mais uma vez se faz mestre junto à Ciência, com foco em outro tema que me apaixona: a Neurociência.
O artigo foi traduzido e resumido, para indicar os pontos que entendo serem de poderoso benefício para nós, Seres Humanos e portanto compostos de Corpo_Mente_Alma.
Boa leitura e muita vibração SYN! para você, hoje e sempre, de coração.
"Nós respiramos sem buscar um segundo pensamento e tornar esta função
corporal particular uma garantia de vida.
No entanto, os cientistas estão agora a dizer que dar a cada respiração
um pensamento realmente pode levar-nos a um lugar de profunda e duradoura
felicidade e saúde.
De acordo com a neurociência, o ato de respirar conscientemente nos traz
excelentes vibrações:
_ Abre o caminho para a melhora da imunidade
_ Inibe a resposta de luta ou fuga ao stress
_ Induz um estado de relaxamento
_ Cria estabilidade emocional
_ Produz uma melhora cardiovascular e respiratória
_ Antídoto perfeito para a depressão
_ Ajuda na gestão de medicamentos livrando-nos de dor.
Esta lista de efeitos não é de forma abrangente, é apenas a ponta do
iceberg.
Pranayama:
o que é e como funciona?
Pranayama é uma técnica de Yoga que coloca os controles para respirar de
volta em suas próprias mãos.
Literalmente, a palavra significa "EXTENSÃO DA FORÇA DA VIDA",
e na prática você se envolve com as nuances da respiração.
Esta técnica de Yoga especial e antigo muda a luz em nossos espaços
escuros - os lugares em seu corpo-mente que você não ousaria visitar.
O Pranayama trabalha no campo do sistema nervoso para melhorar muito a
mecânica do mesmo, pois ele influencia o que a gente sempre entendia que era
além do domínio de influência.
Pranayama
tonifica o nervo vago e gerencia a ansiedade.
A respiração consciente estimula o sistema nervoso parassimpático
através do nervo vago, que vai da base do cérebro, por todo o caminho até o
abdômen.
Ele é responsável por gerenciar as respostas do sistema nervoso e reduz
a frequência cardíaca, entre outras.
O neurotransmissor acetilcolina é liberada pelo nervo vago e desempenha
um papel fundamental no aumento da calma e foco.
Portanto, quanto mais você estimula o nervo vago, mais acetilcolina
libera, reduzindo diretamente os níveis de ansiedade.
Adultos que apresentam níveis mais elevados de tônus vagal também experimentam sentimentos elevados de
conexão e emoções positivas, e este aumento amplifica ainda mais o tônus vagal.
Pranayama
controla a hipertensão e reduz a frequência cardíaca.
A prática constante da respiração consciente pode reduzir a pressão
sanguínea e acalmar o coração.
Este, por sua vez, dizem os cientistas, aumenta a vida útil dos vasos
sanguíneos.
A prática regular e de longo prazo de Pranayama pode ajudar na prevenção de doenças do sistema
nervoso:
_ AVC _ acidente vascular cerebral
_ Dor de cabeça
_ Enxaqueca
_ Mal de Parkinson
Outra vantagem notável de Pranayama é que breca as células cinzentas de
diminuir com a idade.
Ou seja, a sua capacidade de executar no seu melhor permanece
relativamente intacta à medida que envelhecem e sua memória e foco também não
sejam prejudicados no processo.
Uma interessante constatação científica sobre os benefícios do Pranayama é que a
expressão de genes envolvidos na resposta ao estresse pode ser alterada de uma
forma que pode, potencialmente, diminuir a reatividade do corpo-mente ao
estresse.
Isto irá automaticamente melhorar a função imunológica, atividade
metabólica e secreção de insulina.
Pranayama é um grande exemplo de como a matéria pode ser influenciada
através do ato sutil de percepção ou observação objetiva.
Toda a sua biologia pode ser influenciada por simplesmente tornar-se
consciente da sua respiração e, em seguida,
manipulá-lo, a fim de mover os controles do cérebro primitivo para o córtex
pré-frontal - um efeito direto de infundir o fôlego com sua atenção consciente.
Por exemplo, as emoções estão sob a autoridade jurisdicional do córtex
pré-frontal, como fazem muitos outros aspectos mentais e emocionais do ser.
Portanto, quando você alterar a sua consciência em torno de sua
respiração, sua consciência é provocada para alterar o seu corpo-mente para
melhor.
Autor: Nanditha
Prasad Ram é um consumidor e da saúde jornalista e terapeuta holístico
praticando cuja missão é informar, educar, capacitar e transformar.
PS:Se gostou, compartilhe com familiares, amigos e nas redes sociais. Se tiver dúvidas ou queira compartilhar suas sensações, deixe seu comentário e conversamos. Syn! Vibro que aprecie muito!
Quando a humildade e a grandeza passam a nos orientar de dentro para fora, o imponderável e o impensável passam a acontecer...
E vai tomando forma, transmutando as fronteiras de nossos Corpos e irradia como um nascer de um novo dia, onde a escuridão e a luz disputam o espaço tempo e sabemos que a luz vencera, apesar da batalha que nesse momento acontece.
Isso esta abaixo representado na forma de uma mensagem, que precisamos ler, reler, parar... pensar.... reler e absorver, para que nossos próximos passos sejam orientados por essa reluzente e sincera solicitação:
ONU setembro de 2013 Pepe Mujica Presidente do Uruguai "Amigos, sou do sul, venho do sul. Esquina do Atlântico e do
Prata, meu país é uma planície suave, temperada, uma história de portos,
couros, charque, lãs e carne. Houve décadas púrpuras, de lanças e cavalos, até
que, por fim, no arrancar do século 20, passou a ser vanguarda no social, no
Estado, no Ensino. Diria que a social-democracia foi inventada no Uruguai.
Durante quase 50 anos, o mundo
nos viu como uma espécie de Suíça. Na realidade, na economia, fomos bastardos
do império britânico e, quando ele sucumbiu, vivemos o amargo mel do fim de
intercâmbios funestos, e ficamos estancados, sentindo falta do passado.
Quase 50 anos recordando o
Maracanã, nossa façanha esportiva. Hoje, ressurgimos no mundo globalizado,
talvez aprendendo de nossa dor. Minha história pessoal, a de um rapaz — por
que, uma vez, fui um rapaz — que, como outros, quis mudar seu tempo, seu mundo,
o sonho de uma sociedade libertária e sem classes. Meus erros são, em parte,
filhos de meu tempo. Obviamente, os assumo, mas há vezes que medito com
nostalgia.
Quem tivera a força de quando
éramos capazes de abrigar tanta utopia! No entanto, não olho para trás, porque
o hoje real nasceu das cinzas férteis do ontem. Pelo contrário, não vivo para
cobrar contas ou para reverberar memórias.
Me angustia, e como, o amanhã
que não verei, e pelo qual me comprometo. Sim, é possível um mundo com uma
humanidade melhor, mas talvez, hoje, a primeira tarefa seja cuidar da
vida.
Mas sou do sul e venho do sul,
a esta Assembleia, carrego inequivocamente os milhões de compatriotas pobres,
nas cidades, nos desertos, nas selvas, nos pampas, nas depressões da América
Latina pátria de todos que está se formando.
Carrego as culturas originais
esmagadas, com os restos de colonialismo nas Malvinas, com bloqueios inúteis a
este jacaré sob o sol do Caribe que se chama Cuba. Carrego as consequências da
vigilância eletrônica, que não faz outra coisa que não despertar desconfiança.
Desconfiança que nos envenena inutilmente. Carrego uma gigantesca dívida
social, com a necessidade de defender a Amazônia, os mares, nossos grandes rios
na América.
Carrego o dever de lutar por
pátria para todos.
Para que a Colômbia possa
encontrar o caminho da paz, e carrego o dever de lutar por tolerância, a
tolerância é necessária para com aqueles que são diferentes, e com os que
temos diferenças e discrepâncias. Não se precisa de tolerância com
aqueles com quem estamos de acordo.
A tolerância é o fundamento de
poder conviver em paz, e entendendo que, no mundo, somos diferentes.
O combate à economia suja, ao
narcotráfico, ao roubo, à fraude e à corrupção, pragas contemporâneas,
procriadas por esse antivalor, esse que sustenta que somos felizes se
enriquecemos, seja como seja. Sacrificamos os velhos deuses imateriais.
Ocupamos o templo com o deus mercado, que nos organiza a economia, a política,
os hábitos, a vida e até nos financia em parcelas e cartões a aparência de
felicidade.
Parece que nascemos apenas para
consumir e consumir e, quando não podemos, nos enchemos de frustração, pobreza
e até autoexclusão.
O certo, hoje, é que, para
gastar e enterrar os detritos nisso que se chama pela ciência de poeira de
carbono, se aspirarmos nesta humanidade a consumir como um americano médio,
seriam imprescindíveis três planetas para poder viver.
Nossa
civilização montou um desafio mentiroso e, assim como vamos, não é possível
satisfazer esse sentido de esbanjamento que se deu à vida. Isso se massifica como uma cultura de nossa época, sempre
dirigida pela acumulação e pelo mercado.
Prometemos uma vida de
esbanjamento, e, no fundo, constitui uma conta regressiva contra a natureza,
contra a humanidade no futuro. Civilização contra a simplicidade, contra a
sobriedade, contra todos os ciclos naturais.
O pior: civilização contra a
liberdade que supõe ter tempo para viver as relações humanas, as únicas que
transcendem: o amor, a amizade, aventura, solidariedade, família.
Civilização contra tempo livre
que não é pago, que não se pode comprar, e que nos permite contemplar e
esquadrinhar o cenário da natureza.
Arrasamos a selva, as selvas
verdadeiras, e implantamos selvas anônimas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo
com esteiras, a insônia com comprimidos, a solidão com eletrônicos, porque
somos felizes longe da convivência humana.
Cabe se fazer esta pergunta,
ouvimos da biologia que defende a vida pela vida, como causa superior, e a
suplantamos com o consumismo funcional à acumulação.
A política, eterna mãe do
acontecer humano, ficou limitada à economia e ao mercado. De salto em salto, a
política não pode mais que se perpetuar, e, como tal, delegou o poder, e se
entretém, aturdida, lutando pelo governo. Debochada marcha de historieta
humana, comprando e vendendo tudo, e inovando para poder negociar de alguma
forma o que é inegociável. Há marketing para tudo, para os cemitérios, os
serviços fúnebres, as maternidades, para pais, para mães, passando pelas
secretárias, pelos automóveis e pelas férias. Tudo, tudo é negócio.
Todavia, as campanhas de
marketing caem deliberadamente sobre as crianças, e sua psicologia para influir
sobre os adultos e ter, assim, um território assegurado no futuro. Sobram
provas de essas tecnologias bastante abomináveis que, por vezes, conduzem a
frustrações e mais.
O homenzinho médio de nossas
grandes cidades perambula entre os bancos e o tédio rotineiro dos escritórios,
às vezes temperados com ar condicionado. Sempre sonha com as férias e com a
liberdade, sempre sonha com pagar as contas, até que, um dia, o coração para, e
adeus. Haverá outro soldado abocanhado pelas presas do mercado, assegurando a
acumulação. A crise é a impotência, a impotência da política, incapaz de
entender que a humanidade não escapa nem escapará do sentimento de nação.
Sentimento que está quase incrustado em nosso código genético.
Hoje é tempo de começar a
talhar para preparar um mundo sem fronteiras. A economia globalizada não tem
mais condução que o interesse privado, de muitos poucos, e cada Estado Nacional
mira sua estabilidade continuísta, e hoje a grande tarefa para nossos povos, em
minha humilde visão, é o todo.
Como se isto fosse pouco, o
capitalismo produtivo, francamente produtivo, está meio prisioneiro na caixa
dos grandes bancos. No fundo, são o vértice do poder mundial. Mais claro,
cremos que o mundo requer a gritos regras globais que respeitem os avanços da
ciência, que abunda. Mas não é a ciência que governa o mundo. Se precisa, por
exemplo, uma larga agenda de definições, quantas horas de trabalho e toda a
terra, como convergem as moedas, como se financia a luta global pela água e
contra os desertos.
Como se recicla e se pressiona
contra o aquecimento global. Quais são os limites de cada grande questão
humana. Seria imperioso conseguir consenso planetário para desatar a
solidariedade com os mais oprimidos, castigar impositivamente o esbanjamento e
a especulação. Mobilizar as grandes economias não para criar descartáveis com
obsolescência calculada, mas bens úteis, sem fidelidade, para ajudar a levantar
os pobres do mundo. Bens úteis contra a pobreza mundial. Mil vezes mais
rentável que fazer guerras. Virar um neo-keynesianismo útil, de escala
planetária, para abolir as vergonhas mais flagrantes deste mundo.
Talvez nosso mundo necessite
menos de organismos mundiais, desses que organizam fórums e conferências, que
servem muito às cadeias hoteleiras e às companhias aéreas e, no melhor dos
casos, não reúne ninguém e transforma em decisões…
Precisamos sim mascar muito o
velho e o eterno da vida humana junto da ciência, essa ciência que se empenha
pela humanidade não para enriquecer; com eles, com os homens de ciência da mão,
primeiros conselheiros da humanidade, estabelecer acordos para o mundo inteiro.
Nem os Estados nacionais grandes, nem as transnacionais e muito menos o sistema
financeiro deveriam governar o mundo humano.Sim, a alta política entrelaçada com a
sabedoria científica, ali está a fonte.Essa ciência que não apetece o lucro, mas que mira o por vir e nos
diz coisas que não escutamos. Quantos anos faz que nos disseram coisas que não
entendemos? Creio que se deve convocar a inteligência ao comando da nave acima
da terra, coisas assim e coisas que não posso desenvolver nos parecem
impossíveis, mas requeririam que o determinante fosse a vida, não a
acumulação.
Obviamente, não somos tão
iludidos, nada disso acontecerá, nem coisas parecidas. Nos restam muitos
sacrifícios inúteis daqui para diante, muitos remendos de consciência sem
enfrentar as causas. Hoje, o mundo é incapaz de criar regras planetárias para a
globalização e isso é pela enfraquecimento da alta política, isso que se ocupa
de todo. Por último, vamos assistir ao refúgio de acordos mais ou menos
“reclamáveis”, que vão plantear um comércio interno livre, mas que, no fundo,
terminarão construindo parapeitos protecionistas, supranacionais em algumas
regiões do planeta. A sua vez, crescerão ramos industriais importantes e
serviços, todos dedicados a salvar e a melhorar o meio ambiente. Assim vamos
nos consolar por um tempo, estaremos entretidos e, naturalmente, continuará a
parecer que a acumulação é boa, para a alegria do sistema financeiro.
Continuarão as guerras e,
portanto, os fanatismos, até que, talvez, a mesma natureza faça um chamado à
ordem e torne inviáveis nossas civilizações. Talvez nossa visão seja demasiado
crua, sem piedade, e vemos ao homem como uma criatura única, a única que há
acima da terra capaz de ir contra sua própria espécie.Volto a repetir, porque alguns chamam a
crise ecológica do planeta de consequência do triunfo avassalador da ambição
humana. Esse é nosso triunfo e também nossa derrota, porque temos impotência
política de nos enquadrarmos em uma nova época.E temos contribuído para sua construção sem nos dar conta.
Por que digo isto? São dados,
nada mais. O certo é que a população quadruplicou e o PIB cresceu pelo menos
vinte vezes no último século. Desde 1990, aproximadamente a cada seis anos o
comércio mundial duplica. Poderíamos seguir anotando dados que estabelecem a
marcha da globalização. O que está acontecendo conosco? Entramos em outra época
aceleradamente, mas com políticos, enfeites culturais, partidos e jovens, todos
velhos ante a pavorosa acumulação de mudanças que nem sequer podemos registrar.
Não podemos manejar a globalização porque nosso pensamento não é global. Não
sabemos se é uma limitação cultural ou se estamos chegando a nossos limites
biológicos.
Nossa época é portentosamente
revolucionária como não conheceu a história da humanidade. Mas não tem condução
consciente, ou ao menos condução simplesmente instintiva. Muito menos, todavia,
condução política organizada, porque nem se quer tivemos filosofia precursora
ante a velocidade das mudanças que se acumularam.
A cobiça, tão negativa e tão
motor da história, essa que impulsionou o progresso material técnico e
científico, que fez o que é nossa época e nosso tempo e um fenomenal avanço em
muitas frentes, paradoxalmente, essa mesma ferramenta, a cobiça que nos
impulsionou a domesticar a ciência e transformá-la em tecnologia nos precipita
a um abismo nebuloso. A uma história que não conhecemos, a uma época sem
história, e estamos ficando sem olhos nem inteligência coletiva para seguir
colonizando e para continuar nos transformando.
Porque
se há uma característica deste bichinho humano é a de que é um conquistador
antropológico.
Parece que as coisas tomam
autonomia e essas coisas subjugam os homens. De um lado a outro, sobram ativos
para vislumbrar tudo isso e para vislumbrar o rombo. Mas é impossível para nós
coletivizar decisões globais por esse todo. A cobiça individual triunfou
grandemente sobre a cobiça superior da espécie. Aclaremos: o que é “tudo”, essa
palavra simples, menos opinável e mais evidente? Em nosso Ocidente,
particularmente, porque daqui viemos, embora tenhamos vindo do sul, as
repúblicas que nasceram para afirmas que os homens são iguais, que ninguém é
mais que ninguém, que os governos deveriam representar o bem comum, a justiça e
a igualdade. Muitas vezes, as repúblicas se deformam e caem no esquecimento da
gente que anda pelas ruas, do povo comum.
Não foram as repúblicas criadas
para vegetar, mas ao contrário, para serem um grito na história, para fazer
funcionais as vidas dos próprios povos e, por tanto, as repúblicas que devem às
maiorias e devem lutar pela promoção das maiorias.
Seja o que for, por
reminiscências feudais que estão em nossa cultura, por classismo dominador,
talvez pela cultura consumista que rodeia a todos, as repúblicas frequentemente
em suas direções adotam um viver diário que exclui, que se distância do homem
da rua.
Esse
homem da rua deveria ser a causa central da luta política na vida das
repúblicas. Os governos republicanos
deveriam se parecer cada vez mais com seus respectivos povos na forma de viver
e na forma de se comprometer com a vida.
A verdade é que cultivamos
arcaísmos feudais, cortesias consentidas, fazemos diferenciações hierárquicas
que, no fundo, amassam o que têm de melhor as repúblicas: que ninguém é mais
que ninguém. O jogo desse e de outros fatores nos retém na pré-história. E,
hoje, é impossível renunciar à guerra quando a política fracassa. Assim, se
estrangula a economia, esbanjamos recursos.
Ouçam bem, queridos amigos:em cada minuto no mundo se gastam US$ 2
milhões em ações militares nesta terra. Dois milhões de dólares por minuto em
inteligência militar!! Em investigação médica, de todas as enfermidades que
avançaram enormemente, cuja cura dá às pessoas uns anos a mais de vida, a
investigação cobre apenas a quinta parte da investigação militar.
Este processo, do qual não
podemos sair, é cego. Assegura ódio e fanatismo, desconfiança, fonte de novas
guerras e, isso também, esbanjamento de fortunas. Eu sei que é muito fácil,
poeticamente, autocriticarmo-nos pessoalmente. E creio que seria uma inocência
neste mundo plantear que há recursos para economizar e gastar em outras coisas
úteis. Isso seria possível, novamente, se fôssemos capazes de exercitar acordos
mundiais e prevenções mundiais de políticas planetárias que nos garantissem a
paz e que a dessem para os mais fracos, garantia que não temos. Aí haveria
enormes recursos para deslocar e solucionar as maiores vergonhas que pairam
sobre a Terra. Mas basta uma pergunta: nesta humanidade, hoje, onde se iria sem
a existência dessas garantias planetárias? Então cada qual esconde armas de
acordo com sua magnitude, e aqui estamos, porque não podemos raciocinar como
espécie, apenas como indivíduos.
As instituições mundiais,
particularmente hoje, vegetam à sombra consentida das dissidências das grandes
nações que, obviamente, querem reter sua cota de poder.
Bloqueiam esta ONU que foi
criada com uma esperança e como um sonho de paz para a humanidade. Mas, pior
ainda, desarraigam-na da democracia no sentido planetário porque não somos
iguais. Não podemos ser iguais nesse mundo onde há mais fortes e mais fracos.
Portanto, é uma democracia ferida e está cerceando a história de um possível
acordo mundial de paz, militante, combativo e verdadeiramente existente. E,
então, remendamos doenças ali onde há eclosão, tudo como agrada a algumas das
grandes potências. Os demais olham de longe. Não existimos.
Amigos, creio que é muito
difícil inventar uma força pior que nacionalismo chovinista das grandes
potências. A força é que liberta os fracos. O nacionalismo, tão pai dos
processos de descolonização, formidável para os fracos, se transforma em uma
ferramenta opressora nas mãos dos fortes e, nos últimos 200 anos, tivemos
exemplos disso por toda a parte.
A ONU, nossa ONU, enlanguece,
se burocratiza por falta de poder e de autonomia, de reconhecimento e,
sobretudo, de democracia para o mundo mais fraco que constitui a maioria
esmagadora do planeta. Mostro um pequeno exemplo, pequenino. Nosso pequeno país
tem, em termos absolutos, a maior quantidade de soldados em missões de paz em
todos os países da América Latina. E ali estamos, onde nos pedem que estejamos.
Mas somos pequenos, fracos. Onde se repartem os recursos e se tomam as
decisões, não entramos nem para servir o café. No mais profundo de nosso
coração, existe um enorme anseio de ajudar para que o homem saia da
pré-história. Eu defino que o homem, enquanto viver em clima de guerra, está na
pré-história, apesar dos muitos artefatos que possa construir.
Até que o homem não saia dessa
pré-história e arquive a guerra como recurso quando a política fracassa, essa é
a larga marcha e o desafio que temos daqui adiante. E o dizemos com
conhecimento de causa. Conhecemos a solidão da guerra. No entanto, esses
sonhos, esses desafios que estão no horizonte implicam lutar por uma agenda de
acordos mundiais que comecem a governar nossa história e superar, passo a
passo, as ameaças à vida. A espécie como tal deveria ter um governo para a
humanidade que superasse o individualismo e primasse por recriar cabeças
políticas que acudam ao caminho da ciência, e não apenas aos interesses
imediatos que nos governam e nos afogam.
Paralelamente, devemos entender
que os indigentes do mundo não são da África ou da América Latina, mas da
humanidade toda, e esta deve, como tal, globalizada, empenhar-se em seu
desenvolvimento, para que possam viver com decência de maneira autônoma. Os recursos
necessários existem, estão neste depredador esbanjamento de nossa
civilização.
Há poucos dias, fizeram na
Califórnia, em um corpo de bombeiros, uma homenagem a uma lâmpada elétrica que
está acesa há cem anos. Cem anos que está acesa, amigo! Quantos milhões de
dólares nos tiraram dos bolsos fazendo deliberadamente porcarias para que as
pessoas comprem, comprem, comprem e comprem.
Mas esta globalização de olhar
para todo o planeta e para toda a vida significa uma mudança cultural brutal. É
o que nos requer a história. Toda a base material mudou e cambaleou, e os
homens, com nossa cultura, permanecem como se não houvesse acontecido nada e,
em vez de governarem a civilização, deixam que ela nos governe. Há mais de 20
anos que discutimos a humilde taxa Tobin. Impossível aplicá-la no tocante ao
planeta. Todos os bancos do poder financeiro se irrompem feridos em sua
propriedade privada e sei lá quantas coisas mais. Mas isso é paradoxal. Mas,
com talento, com trabalho coletivo, com ciência, o homem, passo a passo, é
capaz de transformar o deserto em verde.
O homem pode levar a
agricultura ao mar. O homem pode criar vegetais que vivam na água salgada. A
força da humanidade se concentra no essencial. É incomensurável. Ali estão as
mais portentosas fontes de energia. O que sabemos da fotossíntese? Quase nada.A energia no mundo sobra, se
trabalharmos para usá-la bem.É possível arrancar
tranquilamente toda a indigência do planeta. É possível criar estabilidade e
será possível para as gerações vindouras, se conseguirem raciocinar como
espécie e não só como indivíduos, levar a vida à galáxia e seguir com esse
sonho conquistador que carregamos em nossa genética.
Mas,
para que todos esses sonhos sejam possíveis, precisamos governar a nos mesmos,
ou sucumbiremos porque não somos capazes de estar à altura da civilização em
que fomos desenvolvendo.
Este
é nosso dilema.Não nos entretenhamos apenas
remendando consequências. Pensemos na causa profundas, na civilização do
esbanjamento, na civilização do usa-tira que rouba tempo mal gasto de vida
humana, esbanjando questões inúteis. Pensem que a vida humana é um milagre. Que
estamos vivos por um milagre e nada vale mais que a vida. E que nosso dever
biológico, acima de todas as coisas, é respeitar a vida e impulsioná-la,
cuidá-la, procriá-la e entender que a espécie é nosso “nós”.
Obrigado."
Jose Pepe Mujica el Presidente de La Republica Oriental Del Uruguay
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Impossível deixar de registrar e compartilhar essa notícia.
Primeiro porque ambos _ Capra e Da Vinci _ representam a inteligência humana e todas as suas vertentes de observar, analisar, pesquisar e realizar aquilo que acreditam vai nos tornar, todos, melhores seres.
Segundo porque a análise que Fritjof Capra faz de Leonardo Da Vinci considera-o um Ser Sistêmico.... e isso é genial!!!
"Fritjof Capra lança análise da obra de Leonardo Da Vinci" Físico fala do maior gênio do Renascimento italiano, que tem dois livros lançados sobre sua obra como anatomista e engenheiro
ANTONIO GONÇALVES FILHO - O Estado de S.Paulo
O físico vienense Fritjof Capra, conhecido pelo best seller Ponto de Mutação, admite que não poderia ter avaliado os trabalhos científicos do gênio renascentista Leonardo da Vinci (1452- 1519) sem a ajuda de colegas especializados em outras disciplinas. Ele faz a revelação logo no começo de seu livro A Alma de Leonardo da Vinci, que a editora Cultrix colocou no mercado quase que simultaneamente ao lançamento de Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci, coedição luxuosa da Ateliê Editorial e a Editora Unicamp que reproduz 215 gravuras anatômicas do pintor.
Capra fala também desses desenhos em seu livro.
É possível, portanto, entender a razão de ter recorrido a colegas para empreender uma análise do pensamento científico de Da Vinci, definido por ele, em entrevista exclusiva ao Estado, como a "síntese perfeita entre arte, ciência e tecnologia".
A herança cultural deixada por Da Vinci é especialmente valiosa para nosso tempo, diz Capra, por ter sido o pintor um pesquisador sistêmico, "um observador da natureza que não teve influência direta sobre os cientistas que vieram logo depois dele - por não ter publicado suas descobertas -, mas que é fundamental para o século 21, quando problemas globais tendem a ser analisados segundo uma perspectiva interdisciplinar".
A essência de sua "alma", segundo Capra, é justamente "a conjunção de sua curiosidade intelectual com engenho experimental". E coragem, faltou acrescentar.
O livro Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci, por exemplo, traz 1.200 desenhos que não seriam possíveis sem que desafiasse a bula papal, partindo para a dissecção de cadáveres, punida em sua época com a excomunhão.
Se Da Vinci vivesse hoje, arrisca Capra, ele seria um cientista holístico, lutando pela sustentabilidade.
"É difícil afirmar categoricamente que Leonardo teria seguido esse caminho quando se trata de um gênio de personalidade complexa, mas tudo indica que sim."
Só um artista que definiu a pintura como fruto da observação da natureza e estudou a correlação dos padrões botânicos e animais, de acordo com Capra, podia dizer que "entender um fenômeno é associá-lo a outros fenômenos". Séculos antes das especulações futuristas do filme Matrix, Da Vinci já levava em conta a similaridade de padrões nos mundos animal e vegetal.
Curiosamente, para um homem tão sábio, segundo Capra, não se encontra nos cadernos de anotações de Da Vinci uma só linha sobre suas emoções.
Ele analisou esses caóticos cadernos de notas, seguindo o método empírico do artista - basicamente apoiado na observação dos fenômenos naturais -, mas não descobriu em nenhuma das 6 mil páginas, dispersas entre bibliotecas e museus, uma mísera referência à vida privada de Da Vinci.
"Há só uma nota em que ele registra a morte do pai, ainda assim de passagem."
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